Um cachalote-pigmeu arrojou ontem em Santa Cruz, Torres Vedras, entre a praia do Mirante e o Navio, às primeiras horas da manhã. O avistamento por populares aconteceu por volta das 9h30 e o pequeno animal, que apresentava algumas lacerações na parte dorsal e mais de dois metros de comprimento, ainda se encontrava vivo apesar de estar claramente cansado, em enormes dificuldades e a lutar pela vida.

Alguns surfistas e bodyboarders que se encontravam na água naquele momento foram em seu auxílio e tentaram, durante mais de uma hora, fazer com que este nadasse de volta ao oceano.

O jovem animal acabou por ser resgatado pelo Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM-Q), que se deslocou ao local, por volta das 13h30.

Antes de qualquer ação, a equipa Marpro/CRAM-Q sugere que os procedimentos sejam realizados por pessoas especializadas e deixou o seguinte comunicado:

“No dia 10 de maio, às 10h20, foi ativada a equipa do Marpro /CRAM-Q por causa dum arrojamento vivo dum cetáceo na Praia do Navio em Santa Cruz. A equipa deslocou-se prontamente para o local do arrojamento. No entanto, este cetáceo foi devolvido ao mar sem que a equipa do Marpro/Cram-Q conseguisse entrar em contacto com as pessoas que se encontravam no local.

Durante a viagem de cerca de 160 km foi possível estabelecer contacto com pessoas no local, confirmar que se tratava de um espécime de cachalote-pigmeu (Kogia breviceps) que terá arrojado vivo e, depois de reflutuado, estaria a nadar com dificuldades a poucos metros da rebentação. Ainda durante a viagem, a equipa foi informada que o animal estaria já morto a boiar no mar.

Já na Praia do Navio, o animal foi recolhido para terra com a ajuda do Sr. Manuel Nascimento e recolhido para a viatura de emergência adquirida pelo projeto Life+ Marpro para seguir para as instalações do CRAM-Q para ser realizada a necrópsia. Esta necrópsia revelou morte por afogamento e várias alterações nos órgãos internas indicadoras de doença.

Os arrojamentos vivos de cetáceos envolvem normalmente animais doentes que precisam de assistência especializada. Antes de proceder à sua devolução ao mar deve entrar-se em contacto com a Rede de Apoio a Mamíferos Marinhos (968849101) de modo a que a equipa de resgate seja ativada e preste assistência e aconselhamento sobre como se deve atuar nestas situações.

A equipa agradece a todos os envolvidos neste resgate e recolha deste animal. Mesmo não tendo sobrevivido, a recolha deste animal permite o registo de várias informações sobre uma espécie pouco conhecida nas águas portuguesas.”

Portanto, em situações futuras, os procedimentos base passam por chamar a equipa de resgate (Tel: 968849101), manter o animal molhado mas com o espiráculo fora de água para poder respirar até chegar ajuda. Não se deve devolvê-lo ao mar, pois pode morrer afogado, como foi o caso, ou da doença ou ferimentos que o levaram a arrojar.